segunda-feira, 10 de maio de 2010

07/05/2010 – Justo o teatro?!


Diário de Bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney


Tivemos o dia em que mais praticamos o teatro em si desde o começo das oficinas. E certifiquei o que já tinha percebido em outros exercícios: a galera tem habilidade pra muitas atividades, só que para encenação deixam muito a desejar.

Anteriormente, vinha fazendo exercícios para perceber a velocidade de resposta, de improvisação, de raciocínio lógico e de percepção em geral da turma. Alguns se destacam em uma coisa, outros em outras coisas, porém, o jogo cênico deles não é bom: Praticamente não existe. Eles ignoram as indicações dadas por mim e Antônio Marcos. Sentem muita vergonha, falam baixo, dão as costas pra todo mundo, falam de forma inaudível, são repetitivos e etc. Esperava mais deles, contudo, sei que podemos ajudá-los.

O que mais me chateou neste dia, foram as atitudes de alguns. Pedi que contassem uma estória em conjunto onde cada um criaria a continuação a partir do final de outra pessoas. Tivemos de repetir três vezes até que saísse algo bom. Depois, divide-os em dois grupos e pedi que encenassem a estória. Depois de vinte minutos de preparação um grupo já tinha se distribuído e ensaiado (se é que podemos ensaiar em vinte minutos...), enquanto o outro ainda estava distribuindo os “personagens”.

O primeiro grupo não foi muito bem na hora do exercício, mas fez o mínimo: apresentou. Já o segundo grupo, começou a se apresentar e, no meio do exercício, os integrantes desistiram e disseram que estava muito “choco”. Fiquei muito estressado com essa atitude e liberei a turma sem dizer “nem um piu”. Não devia ter feito isso, principalmente sem ter consultado Antônio Marcos primeiro. Mesmo assim, fiz, e foi o dia em que se houve mais silêncio ao término das nossas práticas. Saíram todos calados e de cabeça baixa. Tomara que pensando no que fizeram.

Quem fez a estória foram eles. Quem encenou foram eles. Quem fez o “choco” foram eles. Não será amanhã nem depois, mas eles ainda vão entender que “o ator é o príncipe do belo”, como também pode ser o rei do feio. Se por ventura o personagem está ruim, a maquiagem não combina muito, o figurino não casa, o cenário destoa, não sempre, mas, na maioria das vezes, a culpa é do ator. Há sempre algo que o ator possa fazer para contribuir com a maquiagem, o figurino, cenário e tudo mais. O maestro da cena é o ator, se ele não estiver bem, uma hora ou outra alguém vai atravessar.

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