quinta-feira, 27 de maio de 2010

21/05/2010

20/05/2010 – Se eu tivesse tempo...



Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Foi um dia muito rico para mim. Osman tentou ensinar como se lê partitura musical para a meninada. Infelizmente, pouco resultado. O assunto me interessou mais do que de costume. Sabia pouquíssima coisa sobre partitura. Na verdade, quase nada. Numa dinâmica simples e muito prática, aprendi muita coisa. Pena que os meninos não entenderam tão depressa, e por isso, Osman teve que encurtar o exercício.

Depois de mais alguns exercícios de coordenação, fomos todos para a sede assistir à um DVD do Músico grego Yanni. Ele é compositor e regente de uma banda com os melhores músicos de todo o mundo. Esse grupo se reúne raramente e passa cerca de seis meses ensaiando para fazer uma única apresentação. E é impressionante a habilidade dos músicos. Um trabalho desses só é possível com muito empenho.

Espero que a turma não tenha assistido ao vídeo só por entretenimento ou por achar bonito. Quero muito que eles “invejem” esse tipo de pessoa (as que se destacam por seu trabalho bem feito).

Me animou muito o comentário de uma das meninas. De tão interessada que ela estava, observou que “até as luzas estão no ritmo da música”. Isso me deixa animado. Saber que algo está realmente mexendo com eles. Agora, eles passam a ver as coisas com outros olhos. Passam a observar coisas que não notariam.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

19/05/2010 – Somos esse açougueiro




Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Hoje foi o dia! Foi o dia do 'pega pra capar'. Antônio Marcos colocou os meninos para cansar um pouco com exercícios físicos (eles têm muita energia acumulada). Depois pediu para cada um contar uma estória. Logo após dividiu os meninos em dois grupos em que cada um deveria escolher uma estória par ser encenada. Não saiu muita coisa boa. O nosso maior objetivo nesse exercício era mostrá-los os erros e os fazê-los melhorar. Sempre fazemos observações no fim das atividades. E o único objetivo é ensiná-los os atalhos da atuação que nós adquirimos na nossa pouca, mas proveitosa experiência no teatro.

Muitas vezes fica chato parar tanto para fazer observações. Porem, vi uma pequena evolução depois de algumas observações e repetições.

Batemos muito na tecla da verdade da cena. Eles, e qualquer ator no mundo, devem acreditar no que estão fazendo. Se forem, na cena, abrir uma porta imaginária, devem sentir a textura da maçaneta, o peso da porta, ver e sentir de que a porta é feita, e tudo que envolva uma porta “de verdade”. Não só quando se trata de atuar com algo imaginário. É em TUDO. Se fizermos um açougueiro, teremos que agir como um açougueiro: o peso da carne que carrega todos os dias influencia na sua postura; o tratar com os clientes muda, nem que seja um pouco, o seu modo de lidar com outras pessoas; o seu cheiro durante o trabalho altera a sua aproximação com outros, mesmo em outras ocasiões. É nisso que devemos acreditar que somos esse açougueiro com essas circunstâncias e não ter receio de vivê-lo. Se tem algo que eu possa dizer que conforte alguém eu digo: Estamos em cena. Não somos nós. Só nossos sentimentos.

18/05/2010 – “vozes do povo”


Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Começamos a semana mais exigentes com os meninos, pois sabemos o nosso papel com eles. Podemos mudar a vida dessa garotada. No entanto, não somos responsáveis por toda a educação desses meninos. Não adianta querermos mudá-los sem que haja o mínimo de empenho deles. Me vem aquela música de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, “vozes do povo” que diz:


“Mas doutô uma esmola a um homem qui é são

Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.

As vezes me preocupa a falta de evolução nas atividades. Eles não passam de nível. Desde que começamos as atividades que estamos no mesmo passo. Osman tenta pôr mais dificuldade e trabalhar mais de uma coisa por vez, só que os meninos não conseguem. Tivemos um jogo muito simples para avaliar a coordenação motora dos meninos, juntando o tocar dos instrumentos e bater o pé. Não conseguiram. É normal ter dificuldade ou não conseguir de primeiro, o que me inquieta é permanecer no erro por tanto tempo.

Queremos passar a etapa de conhecer as dificuldades de cada um e adentrar na fase de superar a trabalhar essas limitações. Para isso, precisamos saber o que problema e o que é desinteresse.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

14/05/2010 – É preciso ler






Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Como eu havia previsto... Tivemos um dia de “chato”: de semi-cochilos. Tudo por conta da leitura ruim dos meninos. E não foi pelo que eles leram. Escolhi cordéis muito bons de Antônio Francisco e Crispiniano neto. Lembro-me muito bem de quando abrimos o ponto de cultura em que Antônio Francisco recitou alguns de seus cordéis: Todos os meninos das oficinas estavam presentes e adoraram. Lógico que não esperava que eles fizessem tão bem como Antônio. Foi mais para mostrar que a culpa de algo ser chato não é de ninguém, a não ser deles próprios.

No primeiro dia de oficina mostrei a estante de livros que temos na sede. Não são tantos livros quanto queríamos, mas dá pra aprender um bocado sobre teatro e outras coisas. Não temos “livros de preencher estantes”, daqueles que só servem pra juntar poeira. Os que temos são muito bons. Esperava que algum deles tomasse a iniciativa de pedir algum emprestado, mas não aconteceu. Vou começar a passar os livros para eles lerem. Espero que leiam e se interessem cada vez mais.

Um ator não chega muito longe se não tiver o hábito da leitura. É lá que os grandes fazedores de teatro do passado deixaram suas experiências. Onde buscamos informações sobre o ato teatral de desconhecidos. Onde me baseio para dar as oficinas. Onde achamos com poesia os que viveram no passado e passamos a viver agora. Nos livros não encontramos apenas fatos: encontramos “mentira” e “verdade absoluta” - a certeza mutável de que precisamos saber mais.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

13/05/2010 – Eles são os responsáveis



Diário de Bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Mais um dia de percussão com Osman. O que mais me chateia é esse “mais um dia” que os meninos não estão evoluindo. Vejo potencial, só isso. Não vejo empenho, gana de aprender, raça... Eles ainda encaram o projeto como simples passa tempo.

Nos dias de hoje, nós, atores do grupo, não temos tanto tempo para nos dedicar as aulas com Osman. Antes tínhamos uma aula por semana. Tínhamos que aproveitar o máximo de tempo possível. Os meninos não aproveitam.

Osman tirou a manhã para dar uma aula mais teórica. Extremamente importante, principalmente para essa turma, que só quer saber de tocar, mesmo sem saber. Durante a aula, em que a turma escrevia e depois lia o que Osman falava, percebi o quanto eles tem dificuldade na leitura. Mais uma herança de uma cultura em que o pensar é secundário.

Já sei quais serão os próximos exercícios. E prevejo um dia um tanto quanto “chato”. Contudo, eles farão o dia de amanhã ser bom ou não. Vou mostrar a eles, de uma vez por todas, que eles são os responsáveis pelo divertimento das oficinas.

12/05/2010 – É só querer



Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Foi um dia muito intenso. Tento fazer, pelo menos nesses primeiros dias, uma atividade mais voltada para a diversão dos meninos. Só que já chegou a hora de deixar os trabalhos mais sérios. Vejo a necessidade de passar pra outro nível. Vamos adentrar numa etapa mais trabalhosa e que exige mais dedicação deles. Chega de brincadeiras fora de hora, de risadas desconcentradas e piadinhas pejorativas. Seremos mais rígidos.

Garantimos que os meninos que quiserem aprender e se divertirem com o grupo serão bem vindos. Para os que não se sentirem a vontade com nossas atividades, uma certeza: continuaremos torcendo e, se possível, ajudando os que quiserem sair.

E que não venham com a desculpa de que é chato. Nos primeiros dias eu e Antônio Marcos fizemos um exercício em que ele falava uma língua estranha, que ele mesmo criava na hora, e eu traduzia com a primeira coisa que viesse na minha cabeça. Todos acharam muito engraçado e se divertiram muito. Depois pedi que fizessem a mesma coisa e o jogo quase não rolou. Se é possível se divertir em cena, então guardemos nossas piadas e energias para esse momento.

Tenho certeza que essa garotada não sabe o quanto esse projeto pode mudar suas vidas. Podemos oferecer a chance de eles conhecerem lugares que dificilmente eles conheceriam; de conhecer pessoas diferentes e de abrir pensamentos em suas mentes que só o teatro pode oferecer. Para isso, eles só precisam querer. A nossa parte estamos fazendo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

11/05/2010 – Aprendizes


Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Quando penso que as coisas estão melhorando, tenho uma decepção. No último dia 07 fiquei chateado com os meninos e os dispensei ser falar nada. Talvez isso tenha servido melhor que uma reclamação. Hoje vieram apenas quatro meninos. No fundo, acho que três deles são os mais interessados e os mais prejudicados pela indisciplina dos outros.

A aula foi de percussão, com Osman. Tento não interferir muito nas atividades comandadas por ele, a não ser quando tenho certeza que estou ajudando. Dessa vez, eu mal precisei intervir, pelo número menor de pessoas e pela disciplina que eu já sabia que ia ser melhor, por conta da garotada presente.

Já na parte musical a turma ainda está um pouco acanhada. Um dos meninos é bem sensível e perceptivo nas batidas. Ele entra nos tempos certos e pega os toques muito rápido, mesmo dedicando o mesmo nível de atenção dos colegas. Percebo que os outros demonstram certa inquietude com os instrumentos. É como se não aceitassem a condição de aprendizes e quisessem sair sabendo tocar tudo de primeira. É essa impaciência, essa “necessidade” que eles sentem que os fazem perder tempo e os tempos da música. Osman se mostra seguro e consciente, por isso sei que eles vão acabar aprendendo a ser principiantes, pra só depois, poder aprender alguma coisa.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

07/05/2010 – Justo o teatro?!


Diário de Bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney


Tivemos o dia em que mais praticamos o teatro em si desde o começo das oficinas. E certifiquei o que já tinha percebido em outros exercícios: a galera tem habilidade pra muitas atividades, só que para encenação deixam muito a desejar.

Anteriormente, vinha fazendo exercícios para perceber a velocidade de resposta, de improvisação, de raciocínio lógico e de percepção em geral da turma. Alguns se destacam em uma coisa, outros em outras coisas, porém, o jogo cênico deles não é bom: Praticamente não existe. Eles ignoram as indicações dadas por mim e Antônio Marcos. Sentem muita vergonha, falam baixo, dão as costas pra todo mundo, falam de forma inaudível, são repetitivos e etc. Esperava mais deles, contudo, sei que podemos ajudá-los.

O que mais me chateou neste dia, foram as atitudes de alguns. Pedi que contassem uma estória em conjunto onde cada um criaria a continuação a partir do final de outra pessoas. Tivemos de repetir três vezes até que saísse algo bom. Depois, divide-os em dois grupos e pedi que encenassem a estória. Depois de vinte minutos de preparação um grupo já tinha se distribuído e ensaiado (se é que podemos ensaiar em vinte minutos...), enquanto o outro ainda estava distribuindo os “personagens”.

O primeiro grupo não foi muito bem na hora do exercício, mas fez o mínimo: apresentou. Já o segundo grupo, começou a se apresentar e, no meio do exercício, os integrantes desistiram e disseram que estava muito “choco”. Fiquei muito estressado com essa atitude e liberei a turma sem dizer “nem um piu”. Não devia ter feito isso, principalmente sem ter consultado Antônio Marcos primeiro. Mesmo assim, fiz, e foi o dia em que se houve mais silêncio ao término das nossas práticas. Saíram todos calados e de cabeça baixa. Tomara que pensando no que fizeram.

Quem fez a estória foram eles. Quem encenou foram eles. Quem fez o “choco” foram eles. Não será amanhã nem depois, mas eles ainda vão entender que “o ator é o príncipe do belo”, como também pode ser o rei do feio. Se por ventura o personagem está ruim, a maquiagem não combina muito, o figurino não casa, o cenário destoa, não sempre, mas, na maioria das vezes, a culpa é do ator. Há sempre algo que o ator possa fazer para contribuir com a maquiagem, o figurino, cenário e tudo mais. O maestro da cena é o ator, se ele não estiver bem, uma hora ou outra alguém vai atravessar.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

06/05/2010 – Um bom avanço


Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Já na noite anterior fiquei sabendo que muitos não viriam. Nem todos os garotos vieram me dizer. Apenas um veio me falar que faltaria por causa de um encontro do coral da igreja. Deduzi que três ou quatro não compareceriam por fazerem parte do mesmo coral.

De forma alguma queremos proibir que eles façam outras atividades. Só queremos que eles se concentrem numa atividade só para que o aprendizado seja melhor. Se algum, por ventura, tome a decisão de fazer parte apenas do coral e isso seja realmente bom e proveitoso... Que vá! Não ficaremos nem um pouco chateados, estaremos torcendo pra que o melhor aconteça.

Agora vou lamber as minhas crias: eles estão se adiantando nas atividades que passo para fazerem em casa. Já nem preciso cobrar tanto. Também quero reforçar como os meninos são talentosos: no segundo dia de aula de percussão com Osman, eles mostraram um bom avanço, ainda tímido, mas, não deixam dúvidas de que a maioria leva jeito para as batidas. O que eles mais precisam é de orientação e de pessoas que os apóiem. O grupo cumprirá esse papel enquanto for possível.

Chuva de Balas na Baixinha


05/05/2010. Uma ótima noite para mais um Cinema na Praça. O público já estava cobrando. O povo da Baixinha quer cinema, quer teatro, quer arte e cultura. Levamos para praça o espetáculo Chuva de Balas no País de Mossoró: grande espetáculo a céu aberto que desde de 2002, acontece no ardro da Capela São Vicente, e mesmo sendo de acesso gratuito à população, muitos mossoroenses, o que inclui muitos moradores da Baixinha,  nunca assistiram ao espetáculo.

A história, é adaptada do livro do professor de Literatura, o mossoroense Tarcísio Gurgel, e conta a bravura do prefeito Rodolfo Fernandes e dos conterrâneos, na luta contra o bando de cangaceiros liderados pelo Capitão Virgulino Ferreira da Silva. Essa condição de resistência e coragem diante do grupo de Lampião é enaltecida durante a atuação. Vale a pena assistir a arte 'imitando a vida' e a história da cidade.

A trama é envolvente e o público, que vai crescendo durante a exibição, se encontra encantado. Todos os atores d'O Pessoal do Tarará fazem parte do elenco do 'Chuva'. E interessante era notar a alegria do público em reconhecer aqueles 'vizinhos' que se apresentam e fazem o cinema na praça, bem ali, na telona.



05/05/2010 – Sem vergonha


Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Pergunto-me muito o motivo de termos vergonha. Num momento estamos a vontade, mas, é só alguém pedir para fazermos algo que costumamos fazer, ou ate que já estamos fazendo e tudo fica mais difícil, constrangedor. Quantas vezes cantamos e contamos estórias para outras pessoas sem nos envergonharmos. Talvez seja a certeza de que todos estão de olho não só nas suas virtudes, mas principalmente em possíveis falhas. A incerteza deve ser o motivo.

Gosto de me pôr questionamentos e tento observá-los em minha vida. Essa é uma das coisas que um ator precisa em sua trajetória artística: gestões e buscas. E é isso que o grupo vai buscar nesses meninos. Não queremos formar artistas descartáveis, comuns, e preguiçosos.

A vergonha tomou de conta da maioria da meninada nos exercícios. Outros se atrapalharam na rapidez de dar respostas lógicas. Fizemos jogos para testar a quantas anda a velocidade de suas ricas cabecinhas. A maioria não se deu muito bem nos exercícios. Considero que seja pela falta de costume, afinal, vivemos numa sociedade em que cada vez mais precisamos pensar menos. É isso mesmo! Hoje encontramos tudo no Google, no Globo Repórter, no Fantástico, e etc. Não precisamos selecionar o que vamos aprender, pois a TV e a internet nos enchem do que não precisamos “saBBBer”.

Não me preocupo com a vergonha e o costume de pensar menos. Sei que com a prática eles vão tirar de letra.

04/05/2010 – Primeiro contato com a percussão



Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Os meninos tiveram o primeiro contato com a percussão junto ao professor Osman. Foi mais ou menos. Alguns já pegaram os nomes dos instrumentos, algumas batidas e se mostram bem desenrolados para os exercícios de ritmo.

Às vezes me pergunto se algumas pessoas já nascem com todas as habilidades para determinadas coisas ou se é o interesse que as faz ter maior facilidade. Observo que pessoas concentradas se dão bem num maior número de atividades. No entanto, pessoas, mesmo sem prestar muita atenção, conseguem desempenhar melhor algumas coisas. Será o interesse que as faz se destacarem ou a habilidade os faz interessar-se? Ainda não sei.

O fato é que temos meninos desconcentrados e talentosos, como também, concentrados e habilidosos. O que atrapalha é que os desconcentrados acabam tirando o foco dos que precisam se concentrar.

Uma melhora é perceptível: a consciência de cidadania. Ainda não chega perto de ser ideal. Mas, só de pensar de como eles agiam no primeiro dia... Eles já não jogam, pelo menos durante nossas atividades, lixo no chão, não xingam os colegas com a mesma freqüência e violência, e respeitam mais uns aos outros.

Vemos muitas possibilidades nessa garotada. Espero que o grupo possa ser decisivo na vida de muitos. Não só como artista, que é nisso que estamos investindo, mas que sejam pessoas exemplares em qualquer circunstância da vida.

30/04/2010 – Foi melhor

Diário de bordo 'Embaixo da Castanhola' – Madson Ney

Apesar do atraso e de algumas faltas das crianças do projeto, o segundo dia foi um pouco melhor do que o primeiro. Vejo que alguns meninos já começam a entender a filosofia do grupo e das oficinas. Já começam a cobrar atenção e silêncio dos outros. O que atrapalha são as piadinhas que alguns insistem em fazer. Alguns querem fazer piadinhas sobre qualquer coisa, até de forma discriminatória, o que é inadmissível.

Vivemos numa sociedade em que aprendemos cada vez mais cedo a discriminar. São piadas comuns e que muitas pessoas nem têm a consciência de que o que estão fazendo é muito grave. No meu ver há uma diferença entre preconceito e discriminação: tomo como preconceito quando se denigre algo que não temos conhecimento; e discriminação quando se acredita que uma pessoa com características ‘diferentes’ das demais não tenha os mesmos direitos que todos, uma forma de exclusão. Não podemos trazer discriminação pessoal pra dentro de um exercício teatral. Pessoas que se ofendem enquanto jogam não vão extrair um bom resultado.

Ainda estamos tendo problemas com alguns garotos. Mas, não vamos desistir de nenhum deles. Enquanto eles quiserem, faremos tudo para que eles se tornem aquilo que sonham. Vejo que uns querem ser atores, diretores, autores, cantores e etc. Outros, apenas querem ocupar seu tempo com teatro, como poderiam ocupar com capoeira, futebol e outras coisas, que, é claro, não são ruins. O que queremos é formar artistas e pessoas melhores do que nós.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Inspetor Geraldo na Baixinha – A estréia de Carmen


30/04/2010, 19:30h. A estrutura foi montada na quadra da praça do Portal do Saber. Os moradores da Baixinha chegaram cedo: todos queriam garantir um bom lugar para assistir O Inspetor Geraldo.


O público já esperava dar boas risadas com a Maria Antônia de Alex Peteka, ou com Prefeito de Madson Ney, com a Ana Carijó de Ludmila Albuquerque, com o chefe das comunicações de Antônio Marcos e com o Inspetor Geraldo de Maxson Ariton, porem, a noite aguardava uma surpresa: Carmen Batista, uma menina da Baixinha, estreando n’O Inspetor como a Dona do hotel.

O Inspetor Geraldo é garantia de bom público na Baixinha, os moradores gostam do espetáculo, alguns até sabem partes do texto de cor, porém a apresentação desta sexta-feira teve um diferencial que fez com a platéia duplicasse: o uso dos microfones. Apesar de, por questões técnicas, o som que o grupo dispõe ainda não ser aproveitado ao máximo, o fato de a apresentação ser ‘microfonada’ chamava a atenção de quem passava e colaborava para que os mesmos ficassem e prestassem atenção no que estava acontecendo. Com isso, pais e mães com seus filhos, casais de namorados, grupos de amigos se reuniram na praça assistir teatro.

*Vale registrar a presença dos alunos do módulo Teatro de Rua (curso ministrado no SESC por Dionízio do Apodi) que se divertiram com o espetáculo e conversaram com o grupo sobre o fazer teatral.

Ao fim da apresentação, vimos a boa participação que a comunidade vem apresentando durante as atividades realizadas a felicidade de ter o Ponto de Cultura Baixinha Berço das Artes.