terça-feira, 7 de setembro de 2010

EMBAIXO DA CASTANHOLA


As aulas de teatro para as crianças e adolescentes da Baixinha acontecem nas manhãs, embaixo da castanhola da Praça do Portal do Saber, bem como na própria sede do grupo, que fica a 100 metros da praça.

Os participantes já tiveram contato com técnicas circenses, estudam teatro, têm aulas de interpretação e canto, e alguns participarão do novo espetáculo do grupo, que homenageará os 60 anos da Rádio Difusora de Mossoró, e que estreará no final de outubro próximo.

PERCUSSÃO


O que começou dentro das aulas de teatro (Embaixo da Castanhola), hoje compõe um outro módulo do Ponto de Cultura Baixinha-Berço das Artes, do Grupo de Teatro O Pessoal do Tarará. Trata-se das aulas de percussão, com o professor Osman Pereira.

A comunidade da Baixinha começa a ver resultados práticos deste módulo em seu cotidiano. Em alguns dias da semana, os integrantes das aulas de percussão, juntamente com integrantes d´O Pessoal do Tarará, saem pelas ruas da comunidade, em desfile, tocando instrumentos.

Alguns alunos das aulas de percussão estarão participando, em breve, do espetáculo d´O Pessoal do Tarará que homenageará os 60 anos da Rádio Difusora de Mossoró.

CAPOEIRA NA PRAÇA


As aulas de capoeira para as crianças e adolescentes da Baixinha, seguem acontecendo nas tardes de segunda-feira e quarta-feira, na Praça do Portal do Saber, onde O Pessoal do Tarará desenvolve a maioria das atividades de seu Ponto de Cultura Baixinha-Berço das Artes.

Este sub-projeto acontece numa parceria entre o Ponto de Cultura e o professor Geferson, do Grupo Abadá Capoeira. As famílias das crianças participantes sempre acompanham o desenrolar das atividades, que ao som do berimbau, pandeiro, canto e palmas, ajudam a desenvolver o físico das crianças e adolescentes.

Nas próximas semanas o grupo Abadá Capoeira começará a desenvolver rodas de capoeira no Ponto de Cultura Baixinha-Berço das Artes. A comunidade da Baixinha receberá, definitivamente, a capoeira, para ratificar este hábito na comunidade.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

21/05/2010

20/05/2010 – Se eu tivesse tempo...



Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Foi um dia muito rico para mim. Osman tentou ensinar como se lê partitura musical para a meninada. Infelizmente, pouco resultado. O assunto me interessou mais do que de costume. Sabia pouquíssima coisa sobre partitura. Na verdade, quase nada. Numa dinâmica simples e muito prática, aprendi muita coisa. Pena que os meninos não entenderam tão depressa, e por isso, Osman teve que encurtar o exercício.

Depois de mais alguns exercícios de coordenação, fomos todos para a sede assistir à um DVD do Músico grego Yanni. Ele é compositor e regente de uma banda com os melhores músicos de todo o mundo. Esse grupo se reúne raramente e passa cerca de seis meses ensaiando para fazer uma única apresentação. E é impressionante a habilidade dos músicos. Um trabalho desses só é possível com muito empenho.

Espero que a turma não tenha assistido ao vídeo só por entretenimento ou por achar bonito. Quero muito que eles “invejem” esse tipo de pessoa (as que se destacam por seu trabalho bem feito).

Me animou muito o comentário de uma das meninas. De tão interessada que ela estava, observou que “até as luzas estão no ritmo da música”. Isso me deixa animado. Saber que algo está realmente mexendo com eles. Agora, eles passam a ver as coisas com outros olhos. Passam a observar coisas que não notariam.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

19/05/2010 – Somos esse açougueiro




Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Hoje foi o dia! Foi o dia do 'pega pra capar'. Antônio Marcos colocou os meninos para cansar um pouco com exercícios físicos (eles têm muita energia acumulada). Depois pediu para cada um contar uma estória. Logo após dividiu os meninos em dois grupos em que cada um deveria escolher uma estória par ser encenada. Não saiu muita coisa boa. O nosso maior objetivo nesse exercício era mostrá-los os erros e os fazê-los melhorar. Sempre fazemos observações no fim das atividades. E o único objetivo é ensiná-los os atalhos da atuação que nós adquirimos na nossa pouca, mas proveitosa experiência no teatro.

Muitas vezes fica chato parar tanto para fazer observações. Porem, vi uma pequena evolução depois de algumas observações e repetições.

Batemos muito na tecla da verdade da cena. Eles, e qualquer ator no mundo, devem acreditar no que estão fazendo. Se forem, na cena, abrir uma porta imaginária, devem sentir a textura da maçaneta, o peso da porta, ver e sentir de que a porta é feita, e tudo que envolva uma porta “de verdade”. Não só quando se trata de atuar com algo imaginário. É em TUDO. Se fizermos um açougueiro, teremos que agir como um açougueiro: o peso da carne que carrega todos os dias influencia na sua postura; o tratar com os clientes muda, nem que seja um pouco, o seu modo de lidar com outras pessoas; o seu cheiro durante o trabalho altera a sua aproximação com outros, mesmo em outras ocasiões. É nisso que devemos acreditar que somos esse açougueiro com essas circunstâncias e não ter receio de vivê-lo. Se tem algo que eu possa dizer que conforte alguém eu digo: Estamos em cena. Não somos nós. Só nossos sentimentos.

18/05/2010 – “vozes do povo”


Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Começamos a semana mais exigentes com os meninos, pois sabemos o nosso papel com eles. Podemos mudar a vida dessa garotada. No entanto, não somos responsáveis por toda a educação desses meninos. Não adianta querermos mudá-los sem que haja o mínimo de empenho deles. Me vem aquela música de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, “vozes do povo” que diz:


“Mas doutô uma esmola a um homem qui é são

Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.

As vezes me preocupa a falta de evolução nas atividades. Eles não passam de nível. Desde que começamos as atividades que estamos no mesmo passo. Osman tenta pôr mais dificuldade e trabalhar mais de uma coisa por vez, só que os meninos não conseguem. Tivemos um jogo muito simples para avaliar a coordenação motora dos meninos, juntando o tocar dos instrumentos e bater o pé. Não conseguiram. É normal ter dificuldade ou não conseguir de primeiro, o que me inquieta é permanecer no erro por tanto tempo.

Queremos passar a etapa de conhecer as dificuldades de cada um e adentrar na fase de superar a trabalhar essas limitações. Para isso, precisamos saber o que problema e o que é desinteresse.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

14/05/2010 – É preciso ler






Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Como eu havia previsto... Tivemos um dia de “chato”: de semi-cochilos. Tudo por conta da leitura ruim dos meninos. E não foi pelo que eles leram. Escolhi cordéis muito bons de Antônio Francisco e Crispiniano neto. Lembro-me muito bem de quando abrimos o ponto de cultura em que Antônio Francisco recitou alguns de seus cordéis: Todos os meninos das oficinas estavam presentes e adoraram. Lógico que não esperava que eles fizessem tão bem como Antônio. Foi mais para mostrar que a culpa de algo ser chato não é de ninguém, a não ser deles próprios.

No primeiro dia de oficina mostrei a estante de livros que temos na sede. Não são tantos livros quanto queríamos, mas dá pra aprender um bocado sobre teatro e outras coisas. Não temos “livros de preencher estantes”, daqueles que só servem pra juntar poeira. Os que temos são muito bons. Esperava que algum deles tomasse a iniciativa de pedir algum emprestado, mas não aconteceu. Vou começar a passar os livros para eles lerem. Espero que leiam e se interessem cada vez mais.

Um ator não chega muito longe se não tiver o hábito da leitura. É lá que os grandes fazedores de teatro do passado deixaram suas experiências. Onde buscamos informações sobre o ato teatral de desconhecidos. Onde me baseio para dar as oficinas. Onde achamos com poesia os que viveram no passado e passamos a viver agora. Nos livros não encontramos apenas fatos: encontramos “mentira” e “verdade absoluta” - a certeza mutável de que precisamos saber mais.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

13/05/2010 – Eles são os responsáveis



Diário de Bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Mais um dia de percussão com Osman. O que mais me chateia é esse “mais um dia” que os meninos não estão evoluindo. Vejo potencial, só isso. Não vejo empenho, gana de aprender, raça... Eles ainda encaram o projeto como simples passa tempo.

Nos dias de hoje, nós, atores do grupo, não temos tanto tempo para nos dedicar as aulas com Osman. Antes tínhamos uma aula por semana. Tínhamos que aproveitar o máximo de tempo possível. Os meninos não aproveitam.

Osman tirou a manhã para dar uma aula mais teórica. Extremamente importante, principalmente para essa turma, que só quer saber de tocar, mesmo sem saber. Durante a aula, em que a turma escrevia e depois lia o que Osman falava, percebi o quanto eles tem dificuldade na leitura. Mais uma herança de uma cultura em que o pensar é secundário.

Já sei quais serão os próximos exercícios. E prevejo um dia um tanto quanto “chato”. Contudo, eles farão o dia de amanhã ser bom ou não. Vou mostrar a eles, de uma vez por todas, que eles são os responsáveis pelo divertimento das oficinas.

12/05/2010 – É só querer



Diário de bordo ‘Embaixo da Castanhola’ – Madson Ney

Foi um dia muito intenso. Tento fazer, pelo menos nesses primeiros dias, uma atividade mais voltada para a diversão dos meninos. Só que já chegou a hora de deixar os trabalhos mais sérios. Vejo a necessidade de passar pra outro nível. Vamos adentrar numa etapa mais trabalhosa e que exige mais dedicação deles. Chega de brincadeiras fora de hora, de risadas desconcentradas e piadinhas pejorativas. Seremos mais rígidos.

Garantimos que os meninos que quiserem aprender e se divertirem com o grupo serão bem vindos. Para os que não se sentirem a vontade com nossas atividades, uma certeza: continuaremos torcendo e, se possível, ajudando os que quiserem sair.

E que não venham com a desculpa de que é chato. Nos primeiros dias eu e Antônio Marcos fizemos um exercício em que ele falava uma língua estranha, que ele mesmo criava na hora, e eu traduzia com a primeira coisa que viesse na minha cabeça. Todos acharam muito engraçado e se divertiram muito. Depois pedi que fizessem a mesma coisa e o jogo quase não rolou. Se é possível se divertir em cena, então guardemos nossas piadas e energias para esse momento.

Tenho certeza que essa garotada não sabe o quanto esse projeto pode mudar suas vidas. Podemos oferecer a chance de eles conhecerem lugares que dificilmente eles conheceriam; de conhecer pessoas diferentes e de abrir pensamentos em suas mentes que só o teatro pode oferecer. Para isso, eles só precisam querer. A nossa parte estamos fazendo.